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O porquê deste amor





É um palpite pretensioso.
Mas talvez eu seja o ser mais fascinado pela Lua
Que já se tenha ouvido falar.
Sim. Sem falsa modéstia
E com uma pitada de autoconfiança que a poética me concede.
Mas bem sei, caro leitor, que a cada luar que podes contemplar
Esta mesma pretensão lhe floresce na alma,
E não há culpa neste sentir
Isentos estamos de qualquer acusação.
Porque é impossível não se deixar enternecer
Enquanto contemplamos este perfeito corpo celeste
Que existe em suave esplendor e alva candura.
E foi assim, como fazes tu,
Admirando a perfeição desta existência singular,
Que eu pude entender a razão do meu fascínio:
A beleza que reside em sua simplicidade.
Então, me pus a refletir que em sua missão maior, 
Nosso mais querido – e único – satélite
É convocado a refletir uma luz que não lhe pertence,
Emprestada por uma grande estrela que lhe supera em tamanho
E em posição hierárquica no universo.
Seu dever é, humildemente, aparecer ao fim de algumas tardes,
Nem sempre inteira, mas sempre digna
Quando o Astro do dia se põe a descansar,
Quando muitas janelas e portas já se encerram
No entanto, é por cumprir tão diligentemente o ofício 
Que lhe foi proposto
Por não se importar em existir tal como um castiçal
Que sua recompensa é a expectativa que causa
Em muitos que por ela são enamorados
E que aguardam ansiosos por sua chegada 
A cada novo anoitecer
E é por mérito que em seu humilde solo 
O homem sempre sonhou chegar
Que em seu nome poetas escrevem os mais lindos sonetos
E as mais perfeitas canções
Que sob a singeleza da luz que emana 
Corações apaixonados se encontram
Mesmo quando separados em forma física
Talvez... um paradoxo.
Mas, para mim, um grande plano do Criador
A fim de nos mostrar que nem tudo o que faz 
O mundo girar ao seu redor
Será capaz de superar a beleza que há nos símplices
Ou de tocar mais profundo nos melhores corações
Como tocam os que dão até mesmo o que não têm
Pelo simples prazer de existir para fazer o bem.
Isso é ser belo. É isso que me fascina.
Que recebe todo o meu 
Mais profundo e terno amor.


(Luciene Nascimento)

Comentários

  1. Uau! O.O

    Sim, valeu a pena esperar. Que texto maravilhoso e profundo, Luci! QUe domínio das palavras e, mais ainda, dos significados passados por elas. Só o começo prende a atenção do leitor, o fisga até que a última palavra lhe seja digerida.

    Parabéns, minha querida amiga. Sua escrita é tão bela quanto o seu amor pela lua. É uma arte! ^^

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  2. coisa mais linda irmã, eu tb gosto de ficar namorando a lua quando ela está convidativa e vc soube usar as palavras certas para cada pedacinho de escrita... Parabéns querida, seu dom tem esse mesmo brilho, que aquece e abriga nossos olhos

    da sua fã Drih ^^

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  3. Coisa mais linda tudo o que você escreveu, minha amiga. Vocabulário excelente, intimidade com o jogo de palavras, e conteúdo maravilhoso. Você é uma artista linda, de coração estonteante. Obrigado por existir.

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  4. *-* Sem palavras para agradecer a cada um de vcs: Ary, Driih e Anderson ^^
    Pessoas que eu admiro em tudo o que fazem, só me dão maior prazer em continuar a viver e a escrever.
    Obrigada mesmo, de coração, por cada palavra ^^
    Obrigada também, por existirem, meus presentes lindos!!!! =D

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  5. Bom dia, e que dia lindo, de fato minha querida amiga esse astro tão importante e tão simples, tão grande e tão pequeno, tão sem cor e tão lindo é mesmo lindo, eu diria fundamental, você descreveu muito bem o seu papel, e me faz agora refletir sobre a beleza de ser simples e ao mesmo tempo tão importante mesmo sem nada fazer mas fazendo algo acontecer, que possamos assim dizer no final da tão breve caminhada, mesmo que ninguém tenha notado fui importante, mas mais do que isso vivi com todos me importando!!!!

    Meus parabéns, Deus continue a te usar e abençoar!!!!

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  6. ME parece fantástico, o uso da linguagem foi perfeito e muito bem colocado, um talento vindo de muito esforço e dedicação, uma leitura leve e muito bonita, superou em muito minhas espectativas, pegaste um tema simples e fizeste um magnífica obra, meus parabéns

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Construir significa se surpreender com muitos pregos amassados,  e alguns podem ser perigosos se a gente não estiver atento.  É necessário enterrá-los na parede ou na madeira,  de maneira que   não sobre algum perdido  com a ponta para cima,  pois a gente pode pisar nele e se ferir.  Batamos, pois, o martelo com muita eficácia.       Dia desses encontrei um prego perdido.  Finquei-o na madeira de minha construção.  E compus esse "Quase-Hai Kai": "A vida tem me concedido maturidade o suficiente para que eu seja indiferente E tem envernizado o meu coração o bastante para que eu mantenha  Minha paz de espírito."  (Luciene Nascimento)

Por que escrevo?

Desde o início da minha construção conheci caneta e papel, me apaixonei. Eu fiz singelos diários quando criança, escrevi "poeminhos" quando adolescente. Escrevi cartas e mais cartas para minha melhor amiga, e me juntei a ela, antes mesmo de terminarmos o colegial, na feitura de alguns pensamentos concretizados em papel. Como diz o poema... Desde que aprendi a escrever, não quis mais saber de outro ofício. Deixo que as palavras se libertem do meu eu para que, na imensidão das páginas,  o mundo seja livre para conhecê-las. Liberte-se. (Luciene Nascimento)

Sobre a liberdade...

Pense bem. Talvez você esteja preso pelo desejo de ser livre.     Livre. De quem? De quê? E para quê? Pense bem. É preciso estar certo de que, Após conquistar a almejada liberdade, Será possível alçar o primeiro voo, De que haverá um lugar para se pousar, E de que será suficiente bater suas asas sozinho, Se não houver quem te acompanhe ao horizonte... Tal qual borboletas a voar brevemente, As mariposas são livres por apenas um dia. Então... Se valer muito a pena, Saia do casulo que te parece prender. Mas, se não valer Se te custar a vida, Se te custar o amor... Dispense as asas. E seja livre. (Luciene Nascimento)